BREVE HISTÓRIA DA FREGUESIA DE TÓ
Nota:
Quando quis dizer aqui algo sobre a terra que me viu nascer, fiz várias pesquisas, mas por que nada percebo disso, socorri-me do meu amigo Antero do Neto, de ”mogadouro(ho mogadoyro) que teve a gentileza de me enviar o texto que segue. Nele fiz algumas alterações e acrescentos e por isso peço desculpa ao seu autor, que desconheço. Muito obrigado a ambos.
E já agora digo-vos que vale bem a pena visitar a região, sobretudo na Primavera. Façam-no, pois ali, também é Portugal.
"A freguesia de Tó, curioso nome, único no nosso país, situa-se na parte oriental do concelho de Mogadouro, não muito longe da fronteira espanhola. Dista treze quilómetros da sede do concelho. Começamos mesmo pelo topónimo Tó. Segundo alguns autores, tó é o nome de uma flor que surge com abundância nesta região e que o povo colhe com cuidado por lhe reconhecer grandes capacidades curativas nos maus-olhados. No entanto, parece ser mais crível a teoria segundo a qual Tó seria o genitivo do nome pessoal germânico Thou ou Teudo, rei visigótico do século VII. Joseph Piel é um dos que apoia esta teoria. O povoamento inicial da freguesia remonta à pré-história. Pena Mosqueira é um núcleo constituído por quatro monumentos megalíticos do período Neo-Calcolítico. Trata-se de um dólmen, cuja parte principal da couraça pétrea parece estar ainda intacta. No sítio arqueológico de Fraga da Moura, foram detectados vestígios de arte rupestre. Situado junto à ribeira do Cantinho Novo, ali terá existido uma escultura rupestre do tipo pegada ou ferradura. Não se conhece o local exacto em que se encontra, ou mesmo se ainda existe. De datação indeterminada é também o povoado fortificado de Castros. Sobranceiro à ribeira de Trás, foram detectados à superfície do solo alguns fragmentos de tégula e de cerâmica romana. No sítio de Poço do Ouro, apareceram diversos achados: fragmento de mó manual em granito, afeiçoada lateralmente; um moinho manual, dormente em granito, afeiçoado lateralmente; e uma escultura ou sulcos cruciformes num afloramento granítico do local. Nos primeiros tempos pós-fundação da Nacionalidade, Tó parece ter constituído um vilar velho, ou seja, um simples terreno, ou núcleo de terras, pertencente ao termo de Aliste, primeiro, e depois ao de Miranda. Em termos paroquiais, a respectiva erecção só deve ter ocorrido por volta do século XVI. Antes, seria apenas uma parte da paróquia de S. Pedro da Bemposta, à qual estava também ligada em termos administrativos. No que diz respeito ao património edificado da freguesia, destaca-se a Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena, situada no centro da freguesia. É uma das melhores igrejas deste concelho e uma das que se encontra em melhor estado de conservação. Começou a ser construída ainda no século XVI, mas em 1621 sofreu obras de ampliação. Mesmo assim, todo o edifício apresenta linhas muito elegantes, harmoniosas e bem proporcionadas. Tem torre sineira, de dois pisos, adoçada à fachada principal. No interior, realça-se a capela-mor abobadada, com uma pintura do Santíssimo Sacramento no centro. A nave é dividida em quatro tramos por três arcos de diafragma.
Área: 2360 há.
População: 350 habitantes.
“” O lugar, propriamente dito, é grande, tem inúmeras habitações que terão, forçosamente, que estar desabitadas, dada a população actual. Lembro-me de, em criança, as ruas, mesmo durante a semana, estarem repletas de gente activa. Recordo também que, durante algum tempo, quando ali ia visitar os meus pais, encontrar muitos jovens, rapazes e raparigas, que eu não conhecia. Eram filhos dos que tinham lá ficado. Alguns anos mais tarde já conhecia toda a gente, pois eram os “velhos” que restavam. Aqueles filhos quase todos tinham saído procurar sustento noutras paragens.
Naquela altura o forte da freguesia era o cultivo do trigo. Porém os iluminados do poder, atraídos, talvez, pelo lucro das importações, pagaram/subsidiaram os agricultores para que deixassem as terras entregues ao “sr. silva” e o resultado foi o abandono, o empobrecimento e a desertificação.””
Património cultural edificado: Igreja Matriz (Restaurada), Fornos da Telha, Capelas de S. Pedro, do Santo Cristo ou Senhor Da Piedade, Fontes do Lugar, do Chafariz, da Moca em Maria Paz, Lavadouro Público, Fonte de Vilar de Rei em Carriça, Nicho da Nossa Senhora de Fátima na Rua da Rodela, Nicho de S. Cosme e S. Damião, Nicho de S. Caetano em Moinho da Ulmeda (Restaurado) na Rua da Barrosa, Fonte do Milho.
Património Paisagístico: Zona do Castelinho da Serra (Miradouro), Poços do Alto, Lagoa Própria (à Entrada da Povoação), Lagoa de Lagoa Esquerda, Lagoas (junto à Mãe D'água), Barreiro (Antão lugar de extracção de barro, hoje Lagoa), Vale das Rias.
Feiras: Feira Mensal no dia 11 de cada mês, Feira Anual dia 11 de Novembro (Dia de S. Martinho) com matança de Porco, Almoço de Convívio, de Touros.
Festas e Romarias: Festas do Menino ou do Farandulo no 1º dia do Ano; de S. Sebastião a 20 de Janeiro; de Stº António; de Stª Maria Madalena a 22 de Julho; de S. Pedro a 29 de Julho; de Stª Bárbara (Festa Principal) a 15 de Agosto; de S. Cosme e de S.Damião a 27 de Setembro; de Stª Cruz a 14 de Setembro.
Gastronomia: Matança do Porco, Enchidos (Salpicão, Linguiça, Alheira), Bolito com cascas, Posta mirandesa (com carne da própria Freguesia), Borrego assado ou estufado, Arroz de cabidela, Leitão bizaro .
Locais de lazer: Parque de Merendas (junto ao Moinho da Ulmeda), Salão da Casa do Povo.
Espaços lúdicos: Jardim do Santo Cristo.
Artesanato: Torneados de Madeira, Rendas.
Orago: Stª Maria Madalena.
Principais actividades económicas: Agricultura, Pecuária, Produção de Carnes Mirandesas, Suinicultura (Raça Bizara), Pequeno Comércio, Moagem de Cereais, Serralharia, Carpintaria, Cantaria, Construção Civil.
Colectividades: Associação de Caça e Pesca de Tó.”
(Olhem quis postar aqui algumas fotos, mas o servidor diz que não. Como não percebo nada, fica para outra vez)