"Realizam-se anualmente na freguesia cerca de 40 Círios (cortejos religiosos em honra de Nossa Senhora do Pranto) provenientes de diversas Freguesias, Concelhos, Bispados e até Distritos. Estes Círios têm início na segunda-feira de Pascoela e prolongam-se até ao mês de Setembro, sendo o ponto mais alto das peregrinações no dia 15 de Agosto, dia de grande festa em Dornes."
De entre os referidos cirios consta o da Freguesia de Lamas - Miranda do Corvo, actualmente guardado em "armário proprio" no qual consta a data de 1839.
Pelo que julgo saber nunca essa peregrinação foi interrompida, tendo sido substituido o cirio que inicialnente era o resto do cirio pascal, pela bandeira da Freguesia. Antes da revolução, das amplas liberdades, a bandeira era transportada, defraldada pelo grupo de peregrinos que seguia a pé. Depois daquela, no limite da Freguesia é dobrada e transportada em caixa própria, pois houve apedrejamentos e maus tratos...
A peregrinação de Lamas é realizada no 2º domingo, depois da Páscoa. Há um grupo de peregrinos que sai, a pé, da igreja, pelas 06H00 da sexta-feira anterior. A chegada a Dornes ocorre ao fim da tarde, sendo a bandeira exposta na Igreja da Senhora do Pranto. No sábado deslocam-se para Dornes outros peregrinos, de automóvel e bicicleta. Ao meio-dia é celebrada missa e à tarde o terço. Antes do anoitecer a bandeira é entregue aos peregrinos que a transportaram, para no dia seguinte, Domingo, pelas 06H00, iniciarem o regresso a Lamas, onde farão entrada pelas 18H00. À entrada do lugar é organizada procissão, com a participação da maioria dos habitantes, até à igreja matriz onde é efectuada uma celebração.
****
Impõe-se aqui uma outra explicação/informação:
Cá o rapaz mais a minha mulher, já fizemos o percurso de 45 kilometros, a pé, para além de outras vezes de automóvel como foi o caso deste ano.
E sabem quando isso aconteceu? precisamente depois de ter sofrido enfarte e antes da implantação do CDI. Só por falta de informação e ignorância. Depois daquele iniciamos as caminhadas tanto aqui na aldeia como integrados num grupo de caminheiros da Fundação ADFP, de Miranda do Corvo. Andavamos pelos mais diversos sitios. É que ninguém me disse qual tinha sido a gravidade do enfarte... A primeira consulta ocorreu em junho do ano seguinte, já depois de ter ir, a pé, a Dornes. Devo dizer que dado o treino que tinhamos tudo correu lindamente, mas podia não ter corrido. Nessa consulta o médico a quem contei o que fazia diz: "você está sujeito a cair para o lado, sem nenhuma hipotese de ser socorrido. Vamos pôr-lhe um CDI".
Deve ter sido a Srª do Pranto que me ajudou.
***
Uma última curiosidade: Foi em Dornes que Alfredo Keil compôs "A Portuguesa", tocada pela primeira vez pela Filarmónica Frazoeirense, então sedeada em Carril.
(Fonte: "DORNES - O TESOURO DOS TEMPLÁRIOS" - edição da Junta de Freguesia de Dornes (http://www.jf-dornes.pt/)
Abraços e beijos e, sejam felizes
2 comentários:
Obrigada pela reportagem. O saber não ocupa espaço e as nossas tradições, religiosas ou não são um saber que nos leva às raízes e nos cimenta os afectos.
E ainda bem que sobreviveu às peregrinações a pé, para nos contar, :))
Beijinhos para os dois.
Tia Branca
Olá Tia:
Pois é verdade, parece que sobrevivi para contar...
Dornes é lindo. Vale uma visita, mesmo sentados...
Beijinhos
Enviar um comentário